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Um planejamento adequado para a sucessão não apenas garante a sobrevivência da empresa, mas também promove harmonia e bem-estar para os membros da família a longo prazo.
Inspirando-se em insights estratégicos e práticos, este artigo detalha como preparar a próxima geração para administrar o negócio da família e criar um legado duradouro.
A Importância do planejamento de sucessão

Antes de tudo, o planejamento de sucessão é fundamental para responder a perguntas críticas sobre como a gestão e a propriedade do negócio serão transferidas para a próxima geração, de forma harmônica e com muita econonomia tributária. .
Assim, além de garantir a continuidade do negócio, um plano de sucessão bem estruturado também reduz o risco de conflitos familiares e assegura que o legado da empresa seja preservado.
No Brasil, o planejamento sucessório deve considerar todos os aspectos legais e tributário, sendo esquecer que o Código Civil em seu Art. 1.829 , que regula a ordem de vocação hereditária. Isso significa que, na ausência de um testamento, a distribuição integral dos bens da pessoa falecida deverá ser feita na forma estabelecida na lei.
Passos fundamentais no planejamento de sucessão

1. Inicie com uma conversa aberta
O primeiro passo é abrir um diálogo honesto com todos os lados relevantes, como familiares e líderes-chave da empresa. Discuta questões como:
- O interesse dos membros da família em participar do negócio.
- O tipo de envolvimento que cada um deseja ter: gestão, propriedade ou ambos.
- A possibilidade de considerar gestores externos ou funcionários atuais como alternativas, caso os herdeiros diretos não se interessem pelo negócio.
Essa abordagem inicial ajuda a alinhar expectativas e identificar potenciais líderes para a próxima fase do empreendimento.
2. Identifique e desenvolva futuros líderes

Uma transição bem-sucedida exige líderes preparados e alinhados às necessidades futuras do negócio.
Uma dica valiosa é envolver consultores externos para avaliar os sucessores de forma imparcial, garantindo que decisões sejam tomadas com base em critérios objetivos.
Nos casos em que a sucessão envolver empresas sociedades limitadas, é fundamental realizar a adequação do contrato social, inserindo cláusulas especiais com o propósito de disciplinar o assunto e, mais do que isso, assegurar o poder do sócio fundador. Para saber mais, visite este link sobre cláusulas especiais.
Tanto em sociedades limitadas, quanto sociedades anônimas, permite acordos de acionistas para definir inúmeras questões, tais como: direitos e obrigações; prestação de contas; forma de gestão, regras de sucessão e outras questões relevantes. (Art. 118 da Lei nº 6.404/1976)
3. Crie um plano de sucessão detalhado
Depois de identificar possíveis sucessores, elabore um plano de sucessão.
Este plano pode variar de acordo com o modelo de transferência escolhido.
O plano deve abordar tanto a transição de liderança quanto a de propriedade, considerando as metas e os valores da família.
O uso de uma holding familiar é, portanto, uma estratégia eficaz para organizar a sucessão. Em outras palavras, a holding centraliza a gestão do patrimônio e, além disso, permite que o controle e a divisão de bens sejam feitos de maneira mais estruturada, o que resulta em uma redução de conflitos e na otimização de questões tributárias.
Claro que a holding precisa ser precedida de um processo de governança familiar, societário e patrimonial.
4. Estabeleça uma governança familiar sólida
A governança familiar é essencial para estruturar o relacionamento entre a família e o negócio. Inclua:
- Conselho de família: Um espaço para alinhar interesses e resolver conflitos.
- Protocolo familiar: Documento que regula direitos, deveres e critérios de sucessão.
- Conselho de administração ou consultivo: Profissionalize a gestão com um órgão focado na supervisão estratégica.
Com um sistema de governança claro, as decisões são tomadas de forma transparente e eficaz.
5. Considere suas necessidades financeiras
Um dos aspectos mais desafiadores do planejamento de sucessão é equilibrar as necessidades financeiras do proprietário com as exigências do negócio. Perguntas importantes incluem:
- A empresa pode sustentar financeiramente o proprietário durante sua aposentadoria e, ao mesmo tempo, os sucessores que assumirem o negócio?
“Além de planejar a sucessão, é crucial garantir a sustentabilidade financeira da empresa para sustentar o proprietário e os herdeiros, prevenindo a confusão patrimonial, conforme previsto no Art. 50 do Código Civil.”
- É necessário reestruturar as finanças da empresa para garantir esse equilíbrio?
Planejar antecipadamente ajuda a evitar problemas financeiros e garante a viabilidade do plano de sucessão.
6. Inclua o planejamento patrimonial
A sucessão do negócio deve estar alinhada ao planejamento patrimonial mais amplo da família. Para isso:
- Certifique-se de que todo patrimônio tenha sido transferido da pessoa física para a holding.
- Considere maneiras de compensar filhos que não estarão diretamente envolvidos no negócio, evitando disputas futuras.
- Revise regularmente todos os documentos legais para garantir que refletem seus desejos atuais.
Dependendo do tamanho do patrimônio, além disso, considere a possibilidade de estabelecer um family office.
Em resumo, esse serviço de consultoria em gerenciamento de patrimônio é destinado a famílias ricas e consiste em ter uma equipe de especialistas integrada com o objetivo de alinhar todos os aspectos da estrutura financeira e da estratégia patrimonial da família. Dessa forma, é possível garantir uma gestão eficiente e coordenada dos recursos familiares.
Esse planejamento integrado contribui para uma transição harmoniosa e equitativa.
7. Aborde os aspectos emocionais
O planejamento sucessório muitas vezes traz desafios emocionais, como:
- Conflitos familiares devido a expectativas não alinhadas.
- Dificuldade do fundador em se desapegar do negócio.
Para mitigar esses problemas:
- Inicie o planejamento cedo e mantenha conversas contínuas.
- Busque apoio emocional e explore novos interesses para facilitar o processo de desapego.
8. Forme uma equipe de consultores multidisciplinares
Envolver especialistas é essencial para criar um plano robusto e alinhado às melhores práticas. Inclua profissionais como:
- Advogados especializados em empresas familiares.
- Contadores e consultores tributários.
- Planejadores financeiros e gestores de patrimônio.
Em resumo, essa equipe oferece a expertise necessária para lidar com questões legais e financeiras de forma integrada.
Com quanto tempo de antecedência devo planejar a transferência do negócio?
O planejamento da sucessão de um negócio familiar deve começar o mais cedo possível, idealmente 5 a 10 anos antes da transferência efetiva de liderança e/ou propriedade.
Esse período oferece tempo suficiente para identificar sucessores, desenvolver suas habilidades, implementar práticas de governança familiar e ajustar a transição conforme necessário.
A sucessão pode envolver questões complexas, como distribuição de papeis, alinhamento de expectativas e aspectos tributários. Assim, um prazo longo permite que essas questões sejam tratadas de maneira cuidadosa e estratégica.
Além disso, planejar com antecedência permite ajustar o plano caso surjam mudanças inesperadas, como novos interesses dos sucessores ou alterações no mercado.
Lembre-se de que o planejamento sucessório não é um evento único, mas um processo contínuo que deve ser revisado e ajustado ao longo do tempo. Quanto antes você começar, maiores serão as chances de uma transição tranquila e bem-sucedida.
Quais alternativas tenho além de passar o negócio para a família?
Embora transferir o negócio para a família seja uma escolha comum em empresas familiares, nem sempre é a melhor opção. Seja por falta de interesse ou preparo dos herdeiros, ou por decisões estratégicas, há diversas alternativas que podem garantir a continuidade do negócio e atender às necessidades financeiras e emocionais do proprietário.
Aqui estão as principais opções além da transferência para familiares:
1. Venda do negócio a terceiros
Uma das opções mais comuns é vender o negócio para terceiros interessados, como investidores ou outras empresas. Essa alternativa pode ser atraente quando:
- Os herdeiros não demonstram interesse ou preparo para assumir a empresa.
- O mercado apresenta uma oportunidade favorável para a venda.
- O fundador deseja obter liquidez para focar em outros objetivos, como aposentadoria ou novos projetos.
2. Transferência para funcionários ou gestão interna
A venda do negócio para funcionários ou membros da equipe de gestão é outra alternativa, conhecida como Management Buyout (MBO). Essa opção é vantajosa para manter a continuidade operacional com pessoas que já conhecem a empresa.
Benefícios do MBO:
- Preserva a cultura organizacional e o know-how.
- A transição é mais fluida, pois os compradores já têm experiência com o funcionamento do negócio.
- Pode ser uma solução emocionalmente mais confortável, especialmente quando há laços de confiança com os gestores.
Os gestores ou funcionários compram a empresa, muitas vezes com financiamento bancário ou apoio de investidores.
O proprietário pode optar por uma transição gradual, permanecendo envolvido no negócio por um período limitado.
3. Entrada de investidores ou parceria estratégica
Caso o objetivo não seja se desfazer completamente do negócio, uma alternativa é buscar um investidor ou parceiro estratégico. Isso pode incluir:
- Vendas parciais de ações: O fundador permanece como sócio, mas compartilha a gestão e a propriedade com o novo investidor.
- Joint ventures: Parcerias com outras empresas para expandir o alcance do negócio.
Esse método permite que o fundador mantenha algum controle e participação.
4. Transformação em empresa de capital aberto
Abrir o capital da empresa pode ser uma excelente alternativa para empresas bem estruturadas e lucrativas. Essa opção transforma o negócio em uma companhia listada na bolsa de valores, com ações disponíveis para investidores públicos.
Essa opção oferece liquidez sem necessariamente abdicar do controle total.
Mas esta opção tem exigências regulatórias mais rígidas e necessidade de transparência total nas operações e finanças.
5. Transformar o tipo societário LTDA e S/A
À medida em que as empresas crescem, a transformação em sociedade anônima se coloca como uma decisão que deve ser considerada pelos sócios. É muito mais simples encontrar comprador para ações de uma sociedade anônima do que para quotas de uma empresa limitada.
Além disso, os menores riscos e procedimentos mais simples reduzem os riscos do comprador, o que oportuniza elevar os preços de negociação.
6. Encerramento ordenado do negócio
Se nenhuma das opções acima for viável ou desejável, outra possibilidade é encerrar as operações do negócio de forma planejada. Isso envolve vender ativos da empresa, como imóveis, equipamentos ou estoque.
Pagar dívidas e distribuir os recursos remanescentes entre os sócios ou herdeiros.
Embora possa parecer um último recurso, essa abordagem pode ser estratégica quando o mercado ou as circunstâncias tornam inviável a continuidade do negócio.
Explorar alternativas à transferência familiar é uma demonstração de responsabilidade e visão estratégica. Independentemente da decisão, o importante é planejar com antecedência, garantindo que o negócio continue a gerar valor e impacto, mesmo após a saída do fundador.
Inspiração na história da Viacom: um exemplo de sucessão familiar
A história da Viacom, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, é um exemplo notável de como desafios na sucessão familiar podem impactar um negócio.
Fundada por Sumner Redstone, a Viacom enfrentou questões significativas ao longo de sua transição de liderança.
Sumner, conhecido por sua postura firme no controle da empresa, passou por conflitos públicos com sua filha, Shari Redstone, sobre o futuro do conglomerado.
Então apesar dos desafios iniciais, a família Redstone conseguiu reorganizar a estrutura de propriedade e governança, permitindo que Shari assumisse um papel de destaque no comando da empresa após a morte de Sumner em 2020.
A ViacomCBS (hoje Paramount Global) adotou práticas de governança corporativa que equilibraram os interesses da família e acionistas externos, garantindo a continuidade do legado familiar.
Por fim, essa história mostra como o planejamento sucessório, mesmo em empresas de grande porte, exige uma combinação de diálogo, estrutura jurídica e visão estratégica para superar disputas e alinhar interesses.
Conclusão
A preparação da próxima geração para administrar o negócio da família é um processo estratégico e contínuo. Inicie com uma comunicação aberta, desenvolva líderes capacitados e elabore um plano de sucessão detalhado e flexível.
Portanto, ao combinar governança sólida, planejamento financeiro e suporte emocional, é possível garantir a longevidade do negócio e o bem-estar da família.
Mas lembre-se: nunca é cedo demais para começar. Sendo assim, planejar com antecedência reduz riscos e promove tranquilidade para todas as partes envolvidas.
A continuidade do legado da sua família depende da decisão de agir hoje.
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Construa um legado familiar sólido e duradouro! Potencialize seu patrimônio, fortaleça a sucessão e aprimore a governança familiar. Não deixe o destino de gerações nas mãos do acaso e garanta a perpetuidade de seus negócios, evitando perdas patrimoniais e conflitos familiares!
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