A história de Alysson Paolinelli precisa ser divulgada, para que os brasileiros conheçam o que ele fez pela produção agrícola do nosso Brasil e o que ainda continua fazendo. Em seus quase 86 anos, a serem completados em 10.07.2022, Paolinelli sempre pareceu ter a mente de um jovem pesquisador que tem muito a descobrir e aplicar. Neste artigo vou apresentar um pequeno resumo da trajetória de ALYSSON PAOLINELLI — UM NOBEL PARA O BRASIL.
Mas preste atenção: este artigo não tem a pretensão de evidenciar todos os feitos do maior brasileiro vivo — Alysson Paolinelli. Muito pelo contrário! Nós limitaremos ao breve resumo das suas principais ocorrências, mesmo porque sua obra foi muito bem retratada no livro Alysson Paolinelli: O visionário da Agricultura Tropical, organizado por Ivan Wedekin e publicado pela Editora Metalivros, em 2021.
Portanto, se você quer saber o que essa grande personalidade fez pelo nosso país — e pelo mundo —, continue conosco!
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ToggleApesar de sua nobre caminhada, acima de tudo, cabe o maior destaque ao período que esteve à frente do Ministério da Agricultura (1974 – 1979).
Isso porque naquela época, Paolinelli investiu fortemente em ciência e tecnologia. Ele enviou 2 mil pesquisadores para realizarem cursos de pós-graduação nas melhores escolas do mundo, com a condição de que voltassem e aplicassem o conhecimento adquirido em prol do Brasil.
Além disso, como ministro da Agricultura do Brasil, ele criou instituições, políticas e organizações que viabilizaram a modernização da agricultura tradicional. Por exemplo, entre as muitas ações estão o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro) e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer).
Depois disso, Paolinelli também participou da criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) de 1975, sendo o primeiro projeto mundial de produção em larga escala de um combustível limpo e renovável a partir de biomassa – o etanol.
Acima de tudo, é importante lembrar que na década de 1970 o Brasil tinha uma agricultura insuficiente e para alimentar seu povo tinha que importar alimentos. Além disso, Alysson Paolinelli investiu forte na recém criada Embrapa, implantando 26 dos 43 centros de pesquisa hoje existentes no país (unidades descentralizadas, na denominação atual).
Em seu trabalho na EMBRAPA, Alysson criou 26 centros de pesquisa. Estes centros permitiram trabalhar com os principais produtos da agricultura brasileira. Além disso, ele criou algumas unidades regionais (Amazônia Ocidental-Acre) ou de atuação transversal, como Embrapa Florestas e Embrapa Cerrados.
Da mesma forma, para apoiar o desenvolvimento do cerrado, a Embrapa de Paolinelli criou cinco centros de pesquisa na região: Cerrados, Milho e Sorgo, Arroz e Feijão, Gado de Corte e Hortaliças, além do Serviço de Produção de Sementes Básicas (SPSB) e dez estações experimentais nos Estados que possuem o Cerrado como Bioma.
Portanto, foi através do esforço de Alysson Paolinelli que se teve a incorporação do cerrado como polo dinâmico na produção agrícola, vindo a tornar-se um exemplo para o Brasil e para o mundo.
Por exemplo, em reportagem publicada na Revista Dinheiro Rural, de 2019, existe um pequeno resumo desta história:
“Foi com a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e, 1973 (sic), que a pesquisa passou a dar respostas coordenadas e estruturadas para as mudanças que estavam por vir. O nome de maior relevância após o seu nascimento foi o do engenheiro-agrônomo Alysson Paolinelli, Ministro da Agricultura entre os anos de 1974 e 1979. Como estudioso da região do Cerrado, ele fez parte de um movimento para enviar ao exterior cerca de 2 mil pesquisadores. Ao retornarem ao País, suas missões eram aplicar os conhecimentos na pesquisa brasileira”. (ONDEI, Vera; MOITINHO, Fábio. 15 mentes brilhantes que mudaram o agronegócio. Dinheiro rural, ed. 08/2009. Disponível aqui).
Em suma, com ciência e tecnologia foi possível recuperar áreas antes desprezadas e muitas delas degradadas, com solos ácidos e pobres em nutrientes, e torná-las altamente produtivas.
A verdade é que agora estamos colhendo os frutos.
Acima de tudo, é importante frisar que a expansão da agricultura brasileira foi fantástica.
A ciência comandou o processo: o Brasil consolidou o maior desenvolvimento tecnológico na agricultura tropical no planeta.
Hoje, o Brasil alimenta sua população e o excedente é exportado. Para resumir, a produção atual alimenta a população equivalente à 04 outros brasis!
Isso mesmo: hoje nossa agricultura alimenta pelo menos 1 bilhão de pessoas no mundo.
Hoje o Brasil colhe até três safras de grãos por ano na mesma área, com respeito ao meio ambiente.
E não para aí: segundo Paolinelli, até 2050 o Brasil precisa crescer 2,4 vezes sua produção atual para poder atender a demanda crescente de alimentos.
Para esclarecer, para a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é um dos poucos países, entre os grandes produtores, com capacidade para suprir a demanda mundial de alimentos sem agredir o meio ambiente.
Por isso, Alysson Paolinelli sempre acreditou no potencial de desenvolvimento da agricultura tropical. Quebrou paradigmas e construiu uma nova ordem produtiva na agricultura brasileira, com significativos impactos em sustentabilidade e segurança alimentar mundial.
A verdade é que o papel renovador de Alysson Paolinelli extrapola as fronteiras do Brasil e se projeta para toda a agricultura do cinturão tropical.
Importante destacar que a incorporação do Cerrado como polo dinâmico na produção agrícola é um exemplo para o Brasil e para o mundo.
Com ciência e tecnologia foi possível recuperar o solo degradado e torná-lo altamente produtivo. Antes concentrada nas regiões pioneiras do Sul do país, a soja cresce nos Cerrados e segundo o IBGE, corresponde a 46,00% da produção em 2019.
Para o milho, quase metade da produção é feita neste bioma. No caso do café, a participação do Cerrado praticamente dobrou no período 1974 – 2019 (fonte Alysson Paolinelli, O visionário da Agricultura Tropical, Organizador Ivan Wedekin, Editora Metalivros, 2021).
No ano de 2006, Alysson Paolinelli recebeu o World Food Prize, da Fundação Norman Borlaug, pela relevante contribuição para a segurança alimentar mundial. O site da entidade explica a razão do prêmio:
“Antes do trabalho de Paolinelli, o Brasil precisava importar a maior parte de seus alimentos. Mas, nas décadas após o desenvolvimento de seu plano de produção agrícola para a região do Cerrado, o Brasil se tornou um exportador de alimentos”.
Entre 1975 a 2020, a produção brasileira de cereais e oleaginosas saltou de 39,4 milhões de toneladas para 268,2 milhões de toneladas (cresceu 680%), enquanto a área plantada apenas dobrou de tamanho, passando de 32,80 milhões para 65,2 milhões de hectares.
Segundo Paolinelli:
“O Brasil é uma estufa de 850 milhões de km² a céu aberto e que pode ser cultivada onde for preciso. O clima tropical vai ser a grande solução para evitar a fome do mundo”.
A verdade é que o desenvolvimento do Cerrado deu destaque a Alysson Paolinelli como homem que comandou a maior revolução tropical agrícola da história.
Certamente, as mudanças lideradas por Alysson Paolinelli na agricultura brasileira foram fundamentais para o país alcançar segurança alimentar.
Além disso, e como benefício adicional, elas possibilitaram que outros países tropicais pudessem usar o capital tecnológico brasileiro, o que alternou a realidade agrícola de vários outros países.
O mais interessante de Alysson Paolinelli é que ele não se limita a propagar tecnologia apenas para o Brasil. Ele pensa mundialmente. Da mesma forma, ele tem levado tecnologia para todos os países tropicais com clima e solo semelhante ao Brasil, para que estes países tenham semelhante êxito.
E nem pensem que Alysson Paolinelli está parado. Ele participa ativamente do Fórum do Futuro que desafia paradigmas vigentes e busca um novo caminho sob a bandeira da sustentabilidade para o aumento de alimentos.
Segundo Paolinelli:
“Nós vamos ter de fazer alguns esforços a mais, porque em 2050 o Brasil precisa estar produzindo pelo menos 2,4 vezes o que produz hoje. Outros países tropicais vão buscar seu rumo também. E não é fácil superar esse desafio sem haver determinação. Somos os grandes responsáveis por fazer este futuro chegar”
Paolinelli sempre acreditou muito no empreendedorismo do jovem, principalmente aquele que irá fazer a sucessão no agro, como pode ser visto nesta entrevista concedida ao autor deste artigo.
Na sua dedicação diária e com a consciência de que ainda há muito a ser feito, Alysson Paolinelli enfatiza nos projetos atuais a importância de políticas, projetos, conhecimento e difusão tecnológica voltada à pequena propriedade, onde se pratica principalmente a agricultura familiar de subsistência.
E nem pensem que Alysson Paolinelli esteve apenas focado no Nobel da Paz. Acima de tudo, o que ele sempre quis foi produzir alimento com sustentabilidade para o mundo.
Importante registrar que o dossiê de indicação ao prêmio Nobel recebeu 163 cartas de apoio à indicação. Ou seja, representou 73 países, advindas de reitores, diretores, professores, pesquisadores e entidades do universo de ensino, pesquisa e desenvolvimento.
Para resumir, não há como descrever a enorme contribuição de Alysson Paolinelli para o Brasil e para o mundo.
O Brasil tem que divulgar e enaltecer esse grande homem. Da mesma forma, deve continuar seu trabalho para alcançar todos os seus objetivos visionários.
Importante registrar que na data de publicação deste artigo ainda não tinha sido divulgado o resultado da escolha do Nobel da paz em 2022, mas no ano de 2021 infelizmente Paolinelli foi preterido.
No entanto, qualquer que seja o resultado, o Brasil e o mundo agradecem ao maior brasileiro vivo pela segurança alimentar que proporcionou ao mundo. Infelizmente Alysson Paolinelli nos deixou no dia 29.06.2023.
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Para finalizar, deixo registrado esse título: ALYSSON PAOLINELLI – UM NOBEL PARA O BRASIL.